OS POSITIVOS

ressentimentos criativos amorais

hum... esta página é antiga (2020): lê o disclaimer ou procura outra mais recente

(arquivar em "Adiados Infinitos", "Desabafos")

Uns poucos dias passados a (re)alinhar teses e já recordados que não fechámos o nosso capítulo em autenticidade. As regras do jogo obrigam-nos à explicação, mas ninguém nos impede de atulhar a falta pela volta maior e arrancamos dos writes de Nietzsche o pouco que dele nos importa:

The beginning of the slaves’ revolt in morality occurs when ressentiment itself turns creative and gives birth to values: the ressentiment of those beings who, denied the proper response of action, compensate for it only with imaginary revenge. Whereas all noble morality grows out of a triumphant saying ‘yes’ to itself, slave morality says ‘no’ on principle to everything that is ‘outside’, ‘other’, ‘non-self’: and this ‘no’ is its creative deed. [...] In order to come about, slave morality first has to have an opposing, external world, it needs, physiologically speaking, external stimuli in order to act at all - its action is basically a reaction.
Friedrich Nietzsche, "On the Genealogy of Morality" 1887

Medíocres, ressentidos para dentro, somos o nosso próprio pior inimigo. As justificações entrechadas sussurram-nos que “one was thwarted not by a failure in oneself, but rather by an external evil”, por azar um que tratamos na primeira pessoa. Mas antes de lançarem uma perna sobre a outra no vosso cadeirão de psicanalista barato e puxarem às notas nesse bloco à mão, o senão: OS POSITIVOS, queres simples, queres patinhas, Nietzsche explica e salvamos face para o fim desta entrada. Seguimos pistas, acumulámos indícios, a resposta alcançada devolveu-nos ao início da viagem. Intuições tornadas suposições consolidadas conclusões. Se se recordam do nosso motto em todas-as-coisas existenciais:

Não te conformes à lógica dos outros porque não há filosofia que melhor te sirva do que aquela que emana de dentro.
in Real Nós timeless

Hell, fuck me sideways se tantos filósofos debruçados no tema não o pensaram igual. Regressados à definição de autenticidade que nos apraz, voltamos ao corolário do pensamento do teutónico sisudo de hoje, mumbo-jumbo aside. TL;DR: uma "moral nobre" responde para dentro, a "slave morality" reage de fora, "essential[ly] to the outside instead of back onto itself". Traduzido em pragmático:

The more a person is active, strong-willed, and dynamic, the less place and time is left for contemplating all that is done to them. The reaction of a strong-willed person, when it happens, is ideally a short action: it is not a prolonged filling of their intellect.
in Wikipedia, Ressentiment last visited 24 set 2020

Ao caso, informado o capítulo, escrevê-lo era anulá-lo, uma contradição dos seus (meus!) próprios termos. A nossa definição de autenticidade não será enunciada, permanecerá pessoal e intransmissível, impossível de concretizar em registo indexável à partilha fácil por terceiros: quando o percebemos, seguimos em frente sem olhar para trás.

Mas.
Continuaremos a insistir escrever ou desenhar à volta da dita: somos (apenas) humanos.


O small print necessário em "ressentiments" por Nietzsche:

Ressentiment is viewed as an influential force for the creation of identities, moral frameworks and value systems. However there is debate as to what validity these resultant value systems have, and to what extent they are maladaptive and destructive.
in Wikipedia, Ressentiment last visited 24 set 2020

Small print 2: i) Nietzsche; revisitámos o ii) fascismo e seu apelo entre classes letradas; (vcs não o sabem ainda mas) andamos a ler do iii) aceleracionismo de direita (pq tb o há de esquerda e começa com o Karl M.!). Estão os P+ a mudar de camisola? Não, senhores, vcs sabem que dançamos com o diabo para lhe roubar as t-shirts 😊

silêncio