OS POSITIVOS

fode-te

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pormenor de "The Cartoonists: Profiles" por Brandon Hicks 6 mar 2016
I feel I have not yet inserted as many cultural signifiers into this essay as perhaps I would have liked. Such is the fear of being labelled pretentious. Yet to conclude, pretentiousness is always a state of otherness, someone else’s crime. When I drop Jacques Derrida or Alain de Botton into a conversation, I do so knowingly, able to laugh at my neediness and exalt in my intellect. But when you do it, it is just pathetic, pretentious posturing.
in "Pretentiousness: Why It Matters by Dan Fox – digested read" 21 fev 2016

Retirado de uma sátira 21 fev 2016 em jeito de crítica literária sobre um livro que efectivamente defende a importância de se ser pretensioso... dito isso, temos que fechar com um comentário de regresso da coisa: “pretentiousness is an intellectual crime, and rots judgement of true worth

Para justificar na banda desenhada derivações mais artsy realçam-se aproximações possíveis à laia da sua validação, mas sucumbe-se assim no erro de assumir que a BD apenas pode ser considerada seriamente quando — na exceção à norma- se afasta da sua natureza e se aproxima da natureza de outras artes.

Continuamos a acreditar na banda desenhada enquanto meio que deve a sua concepção e validade à cultura popular — com tudo o que de menos magnificente essa desconsiderarão poderá acarretar: massificada, arredondada por baixo.

A banda desenhada enquanto Arte maior só nos é quando nos seus próprios termos se eleva acima da boçalidade de fórmulas e nos permite um ténue & fugaz  vislumbre de algo infindável que nos recorda simultaneamente da nossa pequenez e grandiosidade. Daqui insistimos, nem toda a banda desenhada é arte maior, e sobretudo, esta deve ocorrer —

Nos, seus, próprios, termos.

Pelo contrário, no quanto se afasta de ser banda desenhada para se tornar uma outra afiguração capaz de se confundir com uma qualquer arte que lhe permita a afiliação — e, necessariamente, por exclusão à primeira- já não importa falar de banda desenhada per se e penetramos noutros domínios. Nos seus próprios termos, a banda desenhada é imagem e texto, mas também é contexto. Já o dissemos diversas vezes e já o reduzimos há vários anos ao postulado que a muitos o alcance ainda escapa: "se não for lida, não é banda desenhada". Não é quando a BD deixa de ser BD que a BD se cumpre: cumpre-se quando a sua realização é completa. Batam a lógica :)

E a sua realização só pode ser completa no seio de uma cultura de massas, no seio de uma cultura de consumo, no seio de uma cultura popular, entre o que de mínimo une indivíduos no seu mais total despreendimento ou máxima disposição ao supérfluo. Independentemente de uma crítica mais favorável ou menos favorável nos estudos culturais e dos artefactos que suportem, à análise de média ou quaisquer manifestações que assuma, independentemente de quem acusem ou aclamem pela iniciativa no processo, independentemente do determinismo em que a encerrem ou da dinâmica em que se metamorfoseia, a banda desenhada só possui valor quando o seu valor não se esvazia na sua leitura. Ou, como já tivemos oportunidade de o dizer no passado: se conduz à acção.

Sendo o meio a mensagem, voltemos à BD: defendemos o seu uso como meio para um fim, não como fim em si própria.
in Real Nós: state-a-scene

A importância da BD está a jusante de si: dependendo dos feitos que se conseguem alcançar cuja inferência possa ser atribuída de volta ao comix este justificará o seu valor e análise, preferencialmente na perspectiva de replicar e maximizar o seu efeito no próximo ciclo. Aqui não nos podemos escusar às nossas próprias preferências: instigamos a subversão, queremos para tal servimo-nos de um meio de comunicação de massas, para as massas. Encontramos nos comix underground o expoente máximo desta arte: onde nos seus próprios termos, de e para as massas, se subverteram valores e cumpriu-se a sua quota-parte de um movimento social com um impacto real sobre a sociedade. Ou, repetindo, yet again, ainda o Real Nós há 3 anos trás:

where are my grown folks at?
Recordemos então aos demais e principalmente aos nossos artistas que a arte encontra por seu lado a sua génesis na crítica da sociedade que lhe é contemporânea e na sugestão das suas alternativas. Se aos nossos afames criadores é-lhes facilmente assimilável a noção de que a arte fala a um nível extremamente pessoal e por vezes impartilhável entre indivíduos que nada deve a consensos, esquivam-se de todo de conceber que a mesmíssima procura igualmente atingir o universal e estabelecer laços entre correspondentes, e na ausência de participação não se pode criar significado: somente quando aquilo que nos é pessoal e único nos toca nos dirigimos no sentido de um compromisso com outros e na ausência desse movimento estamos meramente perante uma sociedade distraída com os bells and whistles dos tarefeiros de ocasião. A arte move-nos a agir sobre a sociedade quando ela nos induz à acção, mesmo se de modo muito localizado ou inicialmente imperceptível.
in Real Nós: state-a-scene

new modern classic