OS POSITIVOS

do lugar da bd


"felizes com sangue e esperma"

Nas notas que vos trouxemos par de anos atrás ao "A Era de Extremos – História do Século XX (1914-1991)" do Eric H., capítulo das artes, registámos que Hobsbawm não faz qualquer menção à bd em todo o período que compreende o consolidar desta arte ("nem abaixo da pornografia lhe mereceu menção" in Real Nós). Destacámos igualmente como aborda a relação ao $$$ e o impacto da tecnologia nas direções que a nossa cultura seguiu, terminando a sua resenha em '91 sem o insight das tendências que de então extremaram o século XXI. Sabendo nós como essa história segue, reiteramos à sua revisão: "procurem-nos no asterisco" out 2020 . Desliguem telefone, baixem as outras luzes, ponham um som, confortem-se no vosso thinkin' chair, embalem gentilmente o copo raso na vossa (outra) mão, regalem-se com essa viagem na transição da modernidade a pós.

Nas notas que vos trouxemos par de anos atrás ao "A Era de Extremos – História do Século XX (1914-1991)" do Eric H., capítulo das artes, registámos que Hobsbawm não faz qualquer menção à bd em todo o período que compreende o consolidar desta arte ("nem abaixo da pornografia lhe mereceu menção" in Real Nós). Destacámos igualmente como aborda a relação ao $$$ e o impacto da tecnologia nas direções que a nossa cultura seguiu, terminando a sua resenha em '91 sem o insight das tendências que de então extremaram o século XXI. Sabendo nós como essa história segue, reiteramos à sua revisão: "procurem-nos no asterisco" out 2020 . Desliguem telefone, baixem as outras luzes, ponham um som, confortem-se no vosso thinkin' chair, embalem gentilmente o copo raso na vossa (outra) mão, regalem-se com essa viagem na transição da modernidade a pós.

Novo velho livro, quase a terminar o seu anterior "A Era das Revoluções (1789-1848)" 1962 e chegados às lides, o título acima foi preditivo. O capítulo inicia num auspicioso "a primeira coisa que surpreende quem pretende analisar o desenvolvimento das artes durante o período da dupla revolução é o seu extraordinário florescimento", e nesse encontramos a única referência desse volume à bd, enterrada em rodapé:

A ausência de uma população letrada e politicamente consciente em número suficientemente grande por quase toda a Europa limitou a exploração das artes reprodutivas recentemente inventadas. No entanto, os feitos notáveis de grandes artistas revolucionários neste e noutros géneros semelhantes – e.g. [...] as litografias e a banda desenhada de Daumier – revelam a força destas técnicas de propaganda.
in "A Era das Revoluções" orig.1962

De banda desenhada no limiar das duas grandes correntes que se soltaram das revoluções sociais e industriais de então e ainda hoje se chocam, liberalismo e socialismo, estamos desenhados. Porém, nada de novo se lerem o hoje como a extensão de ontem como a extensão de antes. Retalhado para brevidade, e equiparem "nacionalismo" neste contexto como ânsia de liberdade e autodeterminação num período que os impérios eram transnacionais e os seus soberanos raramente falam a língua dos seus subordinados:

O elo entre as questões públicas e as artes é particularmente forte nos países em que se desenvolvia uma consciência nacional, ou em que se geravam movimentos de libertação ou de unificação nacional. Não é por mero acaso que o ressurgimento ou o dealbar das culturas eruditas coincidiam com a afirmação da supremacia cultural da língua vernácula e do povo autóctone, contra uma cultura aristocrática cosmopolita que se servia frequentemente de um idioma estrangeiro. É natural que tal nacionalismo tenha encontrado a sua expressão cultural mais evidente na literatura e na música, ambas artes públicas que podiam ir beber à poderosa herança criadora da gente comum.
in "A Era das Revoluções" orig.1962

Os mais persistentes de vcs sabem que tambor rebombamos com esse discurso. Conhecem-nos também o asterisco que tanto fazemos por enterrar.

Decerto não se poderá esquecer que estas novas culturas nacionais se circunscreviam a uma minoria de letrados e de indivíduos de classes media e superior.
in "A Era das Revoluções" orig.1962

clássico