OS POSITIVOS

the forever talk

hum... esta página é antiga (2021): lê o disclaimer ou procura outra mais recente
Hariton Pushwagner's "Soft City" 2016, mais ou menos 40 anos

It's been 171 years since the release of The Communist Manifesto and 52 years since that of The Society of the Spectacle: «Workers of the Spectacle, unite, even though you have everything to lose, including, but not limited to, whatever still chains you to reality.»
in SOLRAD The Online Literary Magazine for Comics 13 set 2021

Tyranny is on a lot of peoples' minds these days (...) The response to this crisis has been varied and chaotic, but it has at least increased the market for the kind of popular writing that rallies the electorate.
in TCJ The Comics Journal 14 set 2021

Negacionistas: quanto lhes devemos em lições de liberdade? Nada sabendo das suas cruzadas — god bless their little hearts —, a nota aos ditos vai para dois episódios em limites da democracia que, inadvertidamente, na sua grunhisse, nos expõem. Primeiro, um juiz recorda todos os telespectadores que, push comes to shove, vivemos numa sociedade de hierarquias onde uns valem mais do que outros, "o meu lugar é este, acima de si, o senhor está abaixo de mim" 14 set 2021. Remenda o fine print que apenas em tribunal, mas é um "apenas" muito relativo para todos aqueles cujos precalços da vida os obrigam a sofrer por um. Poucos dias volvidos complementam "apelidando o presidente da Assembleia da República, segunda figura mais alta do Estado, de "assassino", "ordinário" e "gatuno" entre outras coisas" 13 set 2021, justificando inquérito porque chincalho de rua sobe a crime se o visado é uma figura do Estado — injúria, difamação, ameaça, crimes contra a paz pública: obviamente, em lógica circular, a resolver no tribunal. Os chalupas delirantes 14 set 2021, por todas as razões erradas, lembram-nos que a nossa não é uma sociedade de iguais mas um estado de direito, e o respeitinho importa. E no respeito ao que importa, não vos trazemos diatribes anarquistas, antes cultura e media, e diz-que-disseram Marx & Debord, Gramsci & Marcuse, mesmo se por comix.

What is to be done with all the bad content?

Entre os chonés no palco e a indignação aos atentados em bons costumes que lhes pedem mão pesada — preventivamente, pelo potencial de violência imaginada, não concretizada— da plateia, espreitemos atrás da cortina.

"On Tyranny" ilustrado por Nora Krug 2016

Começamos da Harpers numa leitura alternativa ao emaranhado dos esforços das várias instituições que tentam regular as fake news. Além do louvável em boas intenções, o autor da peça é crítico da suposta ausência de sentido crítico (pun!) das audiências à propaganda vinculada (*) Caveat, os norte-américas andam com dificuldades em distinguir notícias, editoriais, crónicas de opinião 14 set 2021., apontando suspeitas ao aproveitamento desse alarmismo por parte dos principais interessados, "a technocratic negotiation between tech companies, media companies, think tanks, and universities" set 2021, com a Big Tech particulamente satisfeita por assumir esse papel de grande manipulador, talvez mais infundado do que o publicitado (*) Porque lhes é benéfica a ilusão de ditar as vontades das massas ingénuas: há que convencer os seus clientes que são capazes de convencer os seus utilizadores de qualquer coisa que lhes paguem para promover nas suas plataformas.. Há no entanto três take aways que valem (uma pausa no) vosso tempo.

Primeiro, aquilo-da-cultura quando a essa é feita de mudanças:

Like journalism, scholarship, and all other forms of knowledge creation, disinformation research reflects the culture, aspirations, and assumptions of its creators. A quick scan of the institutions that publish most frequently and influentially about disinformation: Harvard University, the New York Times, Stanford University, MIT, NBC, the Atlantic Council, the Council on Foreign Relations, etc. That the most prestigious liberal institutions of the pre-digital age are the most invested in fighting disinformation reveals a lot about what they stand to lose, or hope to regain.
in "Bad News Selling the story of disinformation" set 2021

Segundo, o dilema dos que-guardam-os-portões quando se pode saltar a cerca:

In this context, the disinformation project is simply an unofficial partnership between Big Tech, corporate media, elite universities, and cash-rich foundations. The nature of the project inevitably places them in a regrettably defensive position in the contemporary debate about media representation, objectivity, image-making, and public knowledge. However well-intentioned these professionals are, they don't have special access to the fabric of reality.
in "Bad News Selling the story of disinformation" set 2021

Terceiro e sobretudo, a mentira da grande ilusão.

There is a deeper and related reason many critics of Big Tech are so quick to accept the technologist's story about human persuadability. It's possible that the Establishment needs the theater of social-media persuasion to build a political world that still makes sense.

One reason to grant Silicon Valley's assumptions about our mechanistic persuadability is that it prevents us from thinking too hard about the role we play in taking up and believing the things we want to believe. (...) The public relies on scientific and technological demonstrations of political cause and effect because they sustain our belief in the rationality of democratic government. A common account of social media's persuasive effects provides a convenient explanation for how so many people thought so wrongly at more or less the same time. More than that, it creates a world of persuasion that is legible and useful to capital — to advertisers, political consultants, media companies, and of course, to the tech platforms themselves. It is a model of cause and effect in which the information circulated by a few corporations has the total power to justify the beliefs and behaviors of the demos. In a way, this world is a kind of comfort.
in "Bad News Selling the story of disinformation" set 2021

Como nos comics que nos servem aos cites iniciais, há um certo conforto distorcido na realidade distorcida. Pensem Antonio Gramsci, hegemonia da cultura das elites sobre os demais —"um mecanismo invisível no qual as posições de influência na sociedade são sempre ocupadas por membros de uma classe que já é dominante, amplamente sustentada pelo sentimento dos seus subordinados", propagando visões globais "propostas por grupos intelectuais (quase sempre não tendo plena consciência disso) como jornalistas" que se insinuam como senso comum inevitável, permeando toda a sociedade —, mas com ruído no canal que se deve à interferência interna da Máquina e não à oposição constante "de baixo". Próximo mas sem dialéticas pelo contrário, pensamos Herbert Marcuse, mais fatal,

A arte perdeu a sua capacidade de inspirar rebelião porque agora faz parte dos media.

Longe de serem livres, as pessoas estavam a ser manipuladas pelos regimes totalitários que se chamavam democracias. Pior ainda, não estavam cientes da manipulação porque haviam internalizado as regras, os valores e os ideais do regime (...) bombardeados por mensagens dos media que prometem a felicidade. [...] Os controlos sociais foram internacionalizados. Já não podemos criticar a sociedade, porque já não podemos achar uma forma de nos posicionarmos fora dela sem parecer que perdemos a nossa sanidade.
in "O livro da Sociologia" 2015

...e de quem fechamos mashup da intersecção de cultura e novas tecnologias, rippadas de livro pop porque todos os "chamamentos revolucionários incendiários" são hoje "consumo" pelo "auto-aprimoramento", e assim é a causa:

Será que essas coisas realmente trazem mudança social e libertação, ou será que são simples ferramentas para a crescente manipulação e opressão social por uma poderosa classe dominante?
in "O livro da Sociologia" 2015

Lembra o outro senhor, não lembra? Não é paranóia, no Establishment há ideias fortes do lugar de cada um, no seu todo investido à sua própria perpetuação: porquê negar? E aqui baixa-a-cortina onde o espectáculo começou: comix.

From the way we consume to the very way we perceive and engage with the world around us, life, Debord claims, has ceased to be experienced and has become, instead, represented.
in SOLRAD The Online Literary Magazine for Comics 13 set 2021

What of the lessons themselves? Some are unquestionably good; others are well-meaning but vague; some seem contradictory; and others are downright toxic when removed from the precious context.
in TCJ The Comics Journal 14 set 2021

violência concretizada, diferente da imaginária

mundos imaginados