OS POSITIVOS

dicotómicos, agressivos, blasée

hum... esta página é antiga (2021): lê o disclaimer ou procura outra mais recente

A esquerda nunca ganha, a direita soma derrotas. À esquerda compaixão, direita piedade. A direita reprime a esquerda, sem a qual esta oprime-se mais ainda.

E nunca-nenhuma-vez-alguma o $$$ tornou nada mais fácil. Compliquemos:

A economia é de direita, as pessoas são de esquerda. À esquerda as pessoas pesam mais, à direita pesam demais. Pouca economia se faz à esquerda, a economia não poupa pessoas. A economia cobre os custos à direita, é a esquerda que paga. Muitas pessoas preferem a economia a (outras) pessoas.

As contradições são parte.
Com o macro estabelecido, voltemos atenção ao micro. Punks de má vida.

peritagem comentada com correcção 5 jul 2021

"Há punks demasiado punks para serem punks" in Real Nós, e há também demasiados para que "punk" seja uma só coisa. Se algo os liga a todos é serem espécie urbana, até os exilados de qualquer metrópole que nunca lhe puserem pés. Os punx são ratos da cidade, caçados no campo por muitos outros nomes com o vigor irracional das pequenas terrinhas quebradas ao peso da tradição. Dessas, badamerda, o nosso habitat é a selva de cimento, também ela uma terra de contrários subordinada a pressões tão avassaladoras como o conservadorismo dos costumes, mas em movimento oposto à sua estagnação, moldada às forças que reduzem todas as interações humanas a propósitos económicos de ganhos e perdas. Estranho animal, recuperamos dizeres de George Simmel 1858–1918 (*) Sociólogo, "pioneering analyses of social individuality and fragmentation", que "broadly rejected academic standards" e cujas ideias "would inform the eclectic critical theory of the Frankfurt School" que já conhecem.in Wikipedia, do qual desconhecemos tudo e mais alguma coisa e assim cumpre-nos propósito: é-nos um estranho cujos dizeres são do tipo que nos ilustram caso, justamente o de estranhezas urbanas e estratégias de sobrevivência à inadequação de algumas formas de interação social.

On one hand the stranger's opinion does not really matter because of his lack of connection to society, but on the other the stranger's opinion does matter, because of his lack of connection to society. He holds a certain objectivity that allows him to be unbiased and decide freely without fear. He is simply able to see, think, and decide without being influenced by the opinion of others.

People let down their inhibitions around him and confess openly without any fear. This is because there is a belief that the Stranger is not connected to anyone significant and therefore does not pose a threat to the confessor's life.
in Wikipedia

Perante o estranho, negamos-lhe a individualidade, essa substituída pelo papel que cumpre ou associamos, o seu tipo. Esse diluir da pessoa numa categoria é-nos explicada como uma estratégia de compensação através da qual nos protegemos da inaptidão de relações sociais tradicionais num mar de gentes, concluindo que "os que vivem na cidade reagem com a cabeça, não o coração", uma barreira racional de maior sofisticação e tolerância à diferença, mas também de indiferença cultivada ("blasée"), atitude distante, reservada, uma reserva investida nos que nos são mais importantes.

É o nosso rol de contrários enrolados, senhores. Não estranhem. Ainda saberemos dar maus exemplos aos filhos dos outros, não perdemos ganas de vandalizar propriedade alheia ou virar automóveis na rua. Mas os meus pequenos estão de férias, ando à caça de canalizadores para resolver uma coluna de esgoto no closet da suíte e este mês calha inspecção e revisão do carro: quem tem o tempo para desobediências civis se mal conseguimos riscar o civil? Advertir para o punk em lata é o melhor que podemos prometer por agora. Acusem-nos de pouco, julguem-nos por menos, saibam que nos condenam a pena pesada. Mas vcs conhecem-nos, e agora individualizem: somos do tipo que se vai importar?

isto nunca acaba