OS POSITIVOS

entre titans

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BD. Fiéis à metodologia auto-imposta recusámos literaturas formatadas para académico ler ou anuladas atrás de paywalls, construímos sobre o que era público e pop, da bonecada mais verbosa lemos quase todo o alfabeto de Bart a Thierry passando pela Hillary. Apesar da proveniência estrangeira da maioria de casos-em-ponta à amostra foi entre 'tugas que encontrámos os principais repetentes.

Espalhando o amor por igual, quase todos os artistas ficam-se por um par de entradas, um número que não lhes fará justiça em qualidade, apenas quantidade: BD em PT é muitas vezes um jogo de uns-e-dois-e-não-há-depois. Mas há excepções. Pelas suas várias valências, o editor da Chili Com Carne, "one of the most forward-thinking and daring comics publishers around and an outfit for whom the term 'radical' is far too confining" 27 abr 2021 (*) A propósito do "Einstein, Eddington And The Eclipse", de Ana Simões e Ana Matilde Sousa aka Hetamoé. é presença massiva neste nosso espaço. Seguem-no de perto nesse pelotão dois nomes ex aequo com quatro dezenas de entradas cada: Pedro Moura e Domingos Isabelinho.

Seria enternecedor fazer-vos uma apresentação de ambos, mas ao contrário de um JdF por exemplo – que se move por meandros a que somos alheios e nos obrigou a uma longa contextualização para vos ganhar a atenção –, estes dois críticos são tantas vezes citados entre nós que vcs já os tratam por tu e não temos pudor em acusá-los de graus de culpa na nossa formação ao meio.

Por mérito próprio, por exclusão de partes. Habituamos-mos a encontrar nas suas intervenções pontes para valores acrescentados, inclusive no contrário das posições tomadas: raramente a experiência de ler os seus textos falha em provocar o pensamento e conduzir a novas linhas de investigação com um entusiasmo renovado. Um mesmo entusiamo que não conseguimos sequer fingir pelos divulgadores que recenseiam sinopses e republicam releases de editoras. Uma navegação casual pelas intrawebs revela a abismal pobreza de pensamento que se arrasta pelos poucos sítios que ainda batem pulso ligados à máquina, uma tendência que já lamentámos antes e a que não estão incólumes estes críticos. Como os demais, os seus dizeres onlines são cada vez mais escassos, a seu tempo seguirão o fado dos lugares esquecidos entre os poucos vestígios que restarão às gerações futuras que se interroguem do passado desta arte (de comentar arte). Não supomos ter-lhes lido as últimas linhas em BD — facilmente imaginamos PM numa qualquer coluna de jornal, daqueles ditos de referência, tira ou mete uma década, e DI sangrou demasiados textos nestas frentes para não recordar cicatrizes de quando em vez — mas nada convencidos que os continuaremos a ler na open web com a mesma regularidade. Entre eles estendem-se muitos bons anos de reflexão em BD e de pioneirismo nessa, tornando mais trágica a tendência ao silêncio dos seus dois cantos da internet, submergidos no mesmo apagão que varre um-a-um (*) Fora este espaço, pot fêlé dure longtemps, senhores. tantos sítios de menção a merecer retorno. As modas mudam, este nosso fechar de capítulo parece coincidir com um fechar de capítulo da própria web. OS POSITIVOS: nós e o zeitgeist somos assim ó-ó.

E "enternecedor" é nome do meio dos P+.
Em acelerado para ficha bibliográfica nesta vossa biblioteca do contra,

PM: afunila down tha rabbit hole académico a cada nova iteração e julgamos que inevitavelmente cortará laços à comunidade bedéfila como a conhecemos, tal a distância. Promotor de tendências que quebram expectações e não receiam a mestiçagem com outros formatos, possuidor de referências sólidas aos históricos, não esconde que os spandex são-lhe um guilty pleasure a ribombar pelo id, enquanto os determinantes de super-ego parecem assentar definitivamente no especto artístico da BD. Hélas, os seus vários blogs caíram numa inconstância que parece favorecer o Twitter.

E de cortar laços, DI já o parece ter feito há vários anos. Os seus gostos são tão eclécticos como os de PM, lemos-lhe críticas que se estendem dos primórdios aos incontornáveis de tempos recentes, mas cremos que lhe podemos apontar preferências a certas eras passadas e menos (nenhum?) interesse à BD actual. Com um longo trilho de polémicas entre o TCJ e o The Hooded Utilitarian, infelizmente também o seu Crib está em ruínas e receamos que seja justamente no Twitter que passe a expressar os seus desagrados mais recentes, trocando quadradinhos por aquele de todos os temas que mais nos desagradam: bolinha.

Cada geração tem a (crítica (*) (da crítica) de) BD que merece, esperemos que os miúdos do tiktok, condenados a repetir os mesmos percursos, um dia ergam os seus gigantes e nesse feito não dependam só de fragmentos de blogs abandonados ou repositórios científicos enfadonhos para início de conversas. Nós fechamos as nossas e cá não voltaremos. A jeito de despedidas queremos rematar à posteridade um último estado da arte, of sorts, número especial, algo diferente, algo derradeiro. Algo sentido, de muitos, para retornar, reler, recordar a cada nova década, passando aos teens lições de vida & comix, algures entre um optimismo de um PM, que tanto acredita no meio entrou no negócio, e um fatalismo de DI, que declarou-a arte morta e enterrada (*) Não desdenharíamos acrescentar-lhe alguma verve em radicalismos, mas tememos desalinhamentos nesta banda – ignoremos. . Seguindo os mesmos preceitos que nos guiaram nestes últimos anos, obrigamos-nos a fazê-lo nas palavras dos outros. Quem mais então? Apontámos alto, convidámos Domingos e Pedro a escreverem-vos essa peça.

Eles aceitaram.

why?