bela m$rda

Quinhentos e quarenta animais em 48h é uma tragédia, quinhentos e quarenta por minuto uma estatística duma indústria que numa só linha de desmontagem transforma seres vivos sencientes em parcelas a consumo. Indignam-se porque não rodou a todos como podia ou porque o massacre foi desumano — triste paradoxo que a expressão carrega: matar humanamente, matar, esventrar e despedaçar mecanicamente, friamente, massivamente. Mas sobretudo, indignam-se porque os papeis devidos não foram carimbados atempadamente.
Evitamos as demais opiniões na praça pública, fechamos comunicações, entramos em blackout, este é um tema que nos extrema e ao qual devemos distâncias. São certezas antigas e a veemência de agir sobre elas indistinguíveis de impaciências difíceis de conter. Para o manter diplomático, talvez possamos resumir na diferença que nos separam pergunta & resposta dum editorial do Público 22 dez 2020 para o tom:
Qual é, afinal, o prazer desta “caça” senão a crueldade mais boçal?
in "A caça não pode ser um massacre" 22 dez 2020
Subentende-se que para outros prazeres ou uma crueldade mais sofisticada esta abrir-aspas-caça-fechar-aspas é banal como uma imperial. Moralizam que “as montarias não podem ser clandestinas. Pelo contrário, como defende o ministro, devem ser comunicadas antecipadamente para que sejam fiscalizadas”. Falham o alvo. Entre contrários propomos outras clandestinidades, somos apenas humanos.

