imprensa prós modernos
« Democracy dies in dumbness »

There is only one way the press maintains its power in society: By metaphorically putting the heads of powerful people on pikes.
in "Washington Post public editor: the powerful have realized they don’t need the Post" 20 out 2020
Quem o diz é o "CJR's public editor for the Washington Post", que já nos mereceu menção honrosa antes, desta com o seu mais recente "The powerful have realized they don’t need the Post" 20 out 2020.
Artes, "mas o que aconteceu com estas?" perguntava EH quando as cruza às tecnologias. Estendemos interrogação à imprensa: o que lhes aconteceu quando se desmembram esses mesmos absolutos entre as massas? A comparação tem o seu quê de paralelo directo aos caminhos da pós-modernidade e podemos tecer-lhe equiparações. O poder dos jornais para "fabricar consensos" 1988 coincide com a derrocada da época de ouro do Hobsbawn, uma fortemente dependente da economia — cof cof — fabril. Mas não seguimos essa linha de produção investigação, ficamos pela Cultura. Os mesmíssimos processos que democratizaram (“popularizaram”) as artes atacam os gatekeepers da informação e os poderosos descobrem que já não precisam de temer jornais de referência porque os não-poderosos deixaram de os ler. Damos por dado e não nos move nem mais uma linha.
Mas,
Estamos em catálogo das teses, e o início da semana trouxe-nos este "é, não é?" tão conveniente para fechar capítulos na capitulação da imprensa que nos obrigamos ao registo. Breve recap do downfall da autoridade noticiosa:
- 1. Declínio das receitas publicitárias;
- 2. O digital já vem no correio;
- 3. Trumpas: a imprensa descobre horrorizada que além da falta do $$$ tem todo um outro desafio existencial: a) falharam em reportar sobre o mundo real — muitos considerariam essa a sua principal função; b) nesse mundo real já não têm o peso que imaginavam — talvez porque falham no que seria a missão primária.
Para um apanhado da crise de alma que foi o virar dessas páginas, recolhemos infinitos depoimentos do cataclismo 2016-presente que não precisam de revisitar, uma peça de hoje resume-o eternamente igual: "As they shrink, are local newspapers protecting their “iron core” of local government coverage? This paper says no." 22 out 2020 - 4. O digital explode e a grande extinção começa: a) os media que não se reinventam morrem, os que se reinventam não fazem planos a longo prazo; b) novos actores como as redes sociais concorrem directamente pela atenção dos mesmos leitores, uma parte massiva das vezes com os mesmíssimo conteúdos: it's a fuck fest!
What are you gonna do about it when the full flowering of the social-media age turns even the most prestigious papers into just another mid-sized Facebook page struggling to catch up?
in "Washington Post public editor: the powerful have realized they don’t need the Post" 20 out 2020
Com interrogações semelhantes ao Hobsbawm, retornamos à pós-mod da imprensa e sua perda de sentido. Razão de fundo, a mesma de sempre:
Journalism, particularly at the highest level, is about raw power. It is about bringing important people to heel, on behalf of the public. If the Post and all the other respectable media outlets lose their ability to do that, powerful people will, by extension, stop caring what the well-informed segment of the public thinks.
in "Washington Post public editor: the powerful have realized they don’t need the Post" 20 out 2020
Advertência: elitismo. Como nas elites culturais, mesmo tique: as particularidades próprias dos "highest level" onde repousa o "raw power", as pessoas importantes, os media respeitáveis, o segmento do público "bem informado" e as suas boas intenções para com os pobres ignorantes desamparados e desinformados. Como nas artes, o lamento da vulgarização:
As journalists, we all view this as a horrifying assault on the public’s right to know, and on our own status as brave defenders of the public good.
in "Washington Post public editor: the powerful have realized they don’t need the Post" 20 out 2020
E como nas artes, só o seu "jornal" se recomenda e qualquer outro é de gosto suspeito: não se lamenta apenas a menor visibilidade jornalismo de qualidade, lamenta-se que se encontrem alternativas entre um "entire right-wing media ecosystem" que os obriga à concorrência. Dissolvido o monopólio de poder e autoridade entre as multidões, dentro das quais cada qual cria as suas próprias notícias e vive a sua própria bolha, encontraremos o bom e o mau. Seguiremos do mau — para o bom não queres ler OS POSITIVOS, procura outras fontes... —, mas guardaremos comentários pelas artes: mesmo dumbness.
E de dumbness nos despedimos. Da equação que sobra compreendem quem, em particular, nos atrasa passo:
We are living through a historic, technology-fueled shift in the balance of power between the media and its subjects. The subjects are winning. The internet in general—and social media platforms in particular—have destroyed one of the media’s most important sources of power: being the only place that could offer access to an audience.
in "Washington Post public editor: the powerful have realized they don’t need the Post" 20 out 2020
