OS POSITIVOS

o bom dom fascismo

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Quando um bom fascista era um fascista… vivo? Apresentamos caso para que consigam adivinhar tendências entre os senhores que exprimem o seu desagrado aos sistematicamente desagradados no sistema e para compreenderem o poder de atração de um autoritarismo totalitário estatizante paramilitar entre cabecinhas bem-pensantes que inclinam à direita: rippamos páginas da História com exemplo para Carl Schmitt (*) "The value and significance of his work is subject to controversy, mainly due to his intellectual support for and active involvement with Nazism. Schmitt's work has attracted the attention of numerous philosophers and political theorists, including Giorgio Agamben, Hannah Arendt, Walter Benjamin, Susan Buck-Morss, Jacques Derrida, Jürgen Habermas, Waldemar Gurian, Jaime Guzmán, Reinhart Koselleck, Friedrich Hayek, Chantal Mouffe, Antonio Negri, Leo Strauss, Adrian Vermeule, and Slavoj Žižek among others." Wikipedia, teórico político "unrepentant for his role in the creation of the Nazi state".

Resumo nosso do Michael Mann citando Balakrishnan – quem diz que a história não pode ser rescrita?

O nosso sujeito: afiliado numa "burguesia humanista", família de origem pobre e católica (*) Cortou com a igreja quando do divórcio: gaijas hem?, funcionário público & salário seguro, "dava-se com a sociedade de cafés e dos salões, conhecendo artistas, escritores e outros académicos." Em resumo, um autor imune às considerações mesquinhas da sobrevivência material do dia-a-dia colocando o debate plenamente num plano ideológico. Nem todos os fascistas se justificam pelo calculismo puro e duro de perdas e ganhos $$$, considerem sempre outras dimensões mais transcendentes à mistura como "o respeitinho é bonito...":

Como veremos, a atração das classes altas pelo fascismo não se baseava apenas em interesses de propriedade. As inquietações com a ordem e a segurança induziram nelas um estatismo nacionalista transcendente. E assim os medos de muitos conservadores e de alguns liberais foram parar ao mesmo terreno ideológico dos fascistas. A crise de transição política numa sociedade de massas transformara as anteriores reservas de ordem e segurança constitucionais.

Outro século, mesma década, motivos aproximados aos que agora temem revoluções de rua quando estátuas caem e o futuro pede que se reveja o passado — liberais, conservadores, e até comunistas.

Schmitt exprimia medos muito generalizados. O seu primeiro argumento era especialmente sedutor para os liberais do antigo regime, e o segundo para os conservadores. É claro que por detrás desses medos havia muita consciência de classe.

Os participantes não estavam unidos pela solidariedade normativa do parlamento como assembleia de cavalheiros.
Michael Mann in "Fascistas" 2011

1) Em primeiro lugar, os velhos parlamentos do regime haviam expressado o princípio iluminista da razão na forma de debate livre entre homens racionais, independentes e educados. Que as melhores leis fossem o resultado da dissertação racional entre homens educados fora a essência do liberalismo continental do século XIX. Agora, argumentava Schmitt, o direito de voto das massas resultava na ascensão dos partidos de massas, e estes ameaçavam a independência daqueles homens. Os deputados transformavam-se em meros "representantes" de interesses enraizados na sociedade, instruídos pelas suas organizações e ideologias em relação ao seu voto. O debate livre e racional aproximava-se do fim. Schmitt pintou um quadro ainda mais sombrio dos "exércitos de massas" burocraticamente organizados e corporativistas (tendo em mente sobretudo os sindicatos organizados, mas também a concentração económica e as grandes empresas) a "invadir" e a subordinar o Estado a ideologias de ódio altamente moralistas que acabavam por não conseguir esconder o seu fundamento em interesses de classe mesquinhos. Talvez o compromisso entre esses interesses ainda fosse possível, mas agora teria de ser feito através dessas mesmas organizações, e não pelo parlamento.

2) Em segundo lugar, defendia ele, o domínio pelos partidos políticos (isto é, a “contestação” plena) acabou com toda a possibilidade de que o Estado tradicional pudesse continuar a ser, como outrora, a garantia neutra e decisiva da ordem e do compromisso. Embora geralmente consideremos parciais os executivos dos antigos regimes, que terão favorecido as classes abastadas, não era assim que os próprios conservadores os viam. O monarca e o Estado haviam estado "acima" da sociedade, defendia Schmitt, fornecendo a derradeira garantia constitucional contra interesses privados abusivos. Um partido só podia representar uma "parte" da nação. Não podia substituir o Estado como poder "universal". No entanto, o pluralismo da concorrência partidária que as substituíra estava apenas a um passo duma situação de guerra civil na qual não haveria juiz para determinar o direito de cada um. Havia o risco evidente de a competição se transformar em "guerra".

Conclusões?

3) Se nem a assembleia nem o executivo do antigo regime podiam proporcionar ordem, talvez um novo executivo estatal conseguisse fazê-lo. Assim, durante a década de 20 Schmitt começou a formular a ideia de que era necessário um novo género de elite governante, acima da sociedade, para ocupar os centros "esvaziados" do poder estatal e evitar o risco da desordem.

Familiar? É-nos, cada vez que ouvimos alguns comentadores a ficarem desassossegados nos seus poleiros.

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