OS POSITIVOS

não basta!

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e rimas (mórbidas) infantis

« Cantando espalharei por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte. »


An index of violence via children’s recreational equipment
in "The Envious Siblings and Other Morbid Nursery Rhymes" 24 set 2019

Cite da última crítica 24 set 2019 do TCJ ("envious siblings" e "other morbid nursery rhymes"? oh g-zeist, alguma vez nos deixaste mal? ) que ultimamente não se coíbe de malhar nos autores que apresentam, e como "a slight plot stretched thin over a long narrative" 6 set 2019, vamos esticar um mal-estar que temos de transpirar com mais palavras que o tema merece. Desculpas adiantadas pelo mau feitio e pela aparente incongruência com que saltamos entre tópicos: acreditem quando dizemos que a todos os liga a mesma má vontade: a nossa. OS POSITIVOS, libertando toxinas.

Folheávamos "Os Lusíadas" quando a meio do flip de tanta página um pensamento salta: "e esta merda vale porque?" Com alguma ginástica mental justificámos porcamente a coisa, mas desconfiados de lhe carregar mais importância que este ainda importa. Ao orgulho nacional e peça de museu está lá em cima como nenhum outro texto alguma vez estará, mas como leitura vale os leitores que tem, e, cremos, não terá assim tantos:  boa parte de vcs fará uma lesão cerebral só para acabar a primeira estrofe, primeiro canto, e poucas almas irão vez alguma processar aquela porra na sua totalidade. Porque, convenhamos, a apologia feita –

« Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando »

(sorry, segunda estrofe!)

– parece algo anacrónica ou mesmo deplorável hoje em dia. Mas kudos ao Luís pela pachorra para dizê-lo a bom ritmo. Yet, só estamos a começar. De contribuições nacionais a épicos históricos, o nosso bife – get it? ‘cuz we’re tha veggie folks! – vai para "As Gémeas Marotas" por Brick Duna.

“As Gémeas Marotas” chegaram às livrarias portuguesas, pela primeira vez, na década de 1970, mas a identidade do escritor e ilustrador não é conhecida. Tendo em conta que a obra não está disponível em mais nenhum país, é provável que a paródia tenha partido de um autor português.
in "ASAE apreende livro 'As Gémeas Marotas' na Bedeteca de Lisboa " 25 set 2019

Não nos chateia – até agrada – o seu conteúdo, nem nos aborrece que ao pároco que tanto ofende 2 set 2019 lhe falte capacidade de interpretação de um objecto de sátira e humor — pelo contrário contamos com essa incapacidade de encaixe da sua ordem profissional pois mal estaríamos se estes fossem o expoente máximo de subtilezas e ironias.

Este conto para crianças é mais letal do que um brinquedo perigoso, ou um alimento tóxico, porque a sua mensagem está camuflada sob a aparência de uma inocente história infantil.
in " ‘As gémeas marotas’ " 7 set 2019

Mas enfada que a mãe de todos os males ao caso esteja na única cópia da "Biblioteca dos Olivais, serviço da Bedeteca de Lisboa" ou da Biblioteca Nacional. Quer na informação que "foi avançada por um blogue e replicada nas redes sociais" 25 set 2019 quer nas queixinhas do padre sobressai que metade do problema se resolve desaparecendo com o livro desses catálogos.

Finalmente conseguiram o que desejavam, tirar do olho público uma obra de arte autónoma, dentro de um acervo público, propriedade da Câmara Municipal de Lisboa.
in "Marotas apreendidas" 24 set 2019

Porque: aos ditos só lhes importa o que está inscrito nos compêndios institucionais? Essa lógica toca-nos da forma errada. Livros que se querem vivos circulam entre quem lhes dá valor e não dependem do favor, guarda ou reconhecimento de entidades oficiais. Arrumem na estante ao pó os livros que quiserem, mas não confundam essa preservação com a sua legitimação. Ao caso, alegra-nos mais a tristeza do responsável da Ler Devagar, também alvo da "brigada dos costumes":

O livreiro calcula que tenha vendido mais de 500 exemplares e só lamenta não ter ficado com nenhum: "Vinham apreender o livro, mas infelizmente já não tinha nenhum, porque se venderam todos."
in "ASAE apreendeu As Gémeas Marotas em biblioteca de Lisboa no âmbito de processo-crime" 25 set 2019

Que todos os livros tivessem sempre esse mesmo azar. Anywayz, obviamente, inserir aqui o nosso bias analógico / digital em arquivos e acesso, que desenvolveremos em próxima ocasião.

E do digital, acesso a arquivos e ainda o bias dos outros, adiante para todo um outro tópico num assunto não relacionado que acaba por ser o mesmo... Isabelinho sai do seu exílio "para dizer apenas: que texto execrável!". Assim, sem mais explicações, mesmo se adivinhamos execrações seguindo a ligação — que não iremos partilhar porque entretanto recolheu-se novamente ao silêncio.

Outras ordens religiosas mas desta parco em verborreia, nos antípodas do prior que atrás escreveu todo um (velho) testamento (*) dedicado ao seu tema de ódio.

*) E no qual descobrimos que Jesus estava OK com enforcar pessoas nas mós de moinhos ou afogá-las no mar, dando-nos toda uma outra galeria de opções ao "what would jesus do", além de preocupações de ordem económica como o preço do livro, uns "módicos 10 euros", fosse mais caro estaria tudo na paz de deus?

Porém é desse último que desenvolvemos o que tão brevemente veio-e-foi e devia-ter-sido:

Não sei mais sobre esta sórdida história, nem quero saber.

Deixem as crianças em paz! Os menores têm direito a ser preservados e defendidos de tão brutais ataques à sua estabilidade afectiva e emocional.
in "‘As gémeas marotas’" 7 set 2019

Grosso modo, "o que ele disse", nesta pregação provavelmente dirigindo-se aos adultos da congregação. Mas não o fez: censurou-se a si mesmo. Uma pena, precisamos de mais velhos do restelo — Camões? that's how we roll — que mereçam a atenção. Porque, e devidamente ripado de onde começámos e fechamos rimas:

The central mystery of Envious Siblings is simply, "Why bother?"
in "The Envious Siblings and Other Morbid Nursery Rhymes" 24 set 2019

Não estamos a sugerir que não se importem. No seu contrário, alguma introspeção para resolver esse mistério central: porque há-de tudo isto importar? Cada um descobre a sua resposta, e alguns tornar-se-ão ateus convictos — esses recebemos de braços abertos na nossa igreja.

« A que novos desastres determinas, De levar estes reinos e esta gente? »

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