OS POSITIVOS

ladrão de livros

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Spoiler alert por serviços mínimos: são descritas personagens e enredo mas não se desenham conclusões. ‘Cuz, não é sempre assim neste espaço? ;)

Aos que desconhecem ou desconfiam da capacidade da BD para estimular um leitor adulto, trazemos exemplo. O que procuramos não está no livro, mas em quem o lê. Aos primeiros responde um press release a seco, no pólo oposto não faltarão pela negativa redações entusiastas da 4ª classe que lhe façam a recensão e juras de amor ao meio. Queremos ir além, reinterpretar o "Memoirs of a Book Thief" de A. Tota e P. Van Hove à luz da experiência que nos toca — porque uma boa história é aquela que fazemos nossa.

Intro à lógica do exercício: acessória mas fica despachada, aquilo das coincidências. Tomem, por exemplo, o editor fictício do "Temps Modernes":

Take Bélanchon, for instance: he spends all his energy trying to be avant-garde... And all he manages to be is pathetic.
in "Memoirs of a Book Thief" 5 mar 2015

Este é apresentado nas páginas iniciais. Procurem reconhecê-lo:

Bélanchon, by any other name

Conseguiram encontrar a figura do editor patético dos tempos modernos que se guarda à frente da horda de uns poucos jovens & famosos exaustos da noite? E repetimos para firmar pontes: "upstairs" — e esse up é também ele metafórico... — "at the Café Serbier, a few famous writers rubbed shoulders with a horde of young poets worn out from a long night", segue, segue, segue, "his reading met with a heated reaction from some of the audience, and insults began to fly": como não relacionar a outras tendências artísticas mais habituais neste espaço?

Esta é uma personagem não receia arriscar no insólito e desconhecido, autores ou formatos. Clama por novas vozes e dá-lhes palco, "if there is a young, inexperience poet in the room, let him make himself know", e defende a sua "new imprint of pocket paperbacks" quando lhe criticam a publicação por "reducing the book as we know it to the level of a mere commodity":

My friends, I view this as the instrument in a war of ideas we shall have to fight. I consider this pocket paperback the most powerful cultural vector of modern civilization!
in "Memoirs of a Book Thief" 5 mar 2015

Ah, revolucionando por vectores culturais a modern civ com livrinhos de bolso: sente-se o espírito de missão, mesmo que se confunda a comodidades. Anyhooos, competição escandalosa, orgulho e autenticidade de rua com um long spiel sobre intelectuais et burguesia ---

--- será razão da parte II. O nosso Bélanchon não é mais do que uma de várias personagens à história, seguiremos com o seu protagonista principal no next installment.

Mas se quiseres um teaser ao nosso anti-herói e não tens medo de um mid-book spoiler, pica a checkbox abaixo.

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