OS POSITIVOS

bonecos mais rebeldes

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Referência pouco subtil ao "Boneco Rebelde" que a Feira Laica nos recorda ontem...:

Considerado um dos trabalhos marcantes de Sérgio Luís (1921-1943), o Boneco Rebelde foi originalmente publicado na revista O Papagaio, na década de 40. Relembramos aqui da exposição que esteve na Bedeteca de Lisboa há 20 anos atrás e que sobreviveu num outro luxuoso catálogo.
in "Boneco Rebelde" 6 março 2019

...três dias depois de Pedro Moura nos recordar ("PDF aqui") outra obra de leitura obrigatória a quem frequenta dos meandros da Bedeteca. Começando de "uma sentida homenagem a António Dias de Deus" de quem recebemos "o melhor volume sobre a história da banda desenhada portuguesa até à data", "Os Comics em Portugal. Uma história da banda desenhada" 1997, discorda num aspecto:

O historiador apelida o período dos anos 1920-1930, quando a banda desenhada ganha um papel de meio de entretenimento para as massas, sobretudo infantil, de "Idade de Ouro". Sem dúvida. Mas se entendermos antes como mais significativo, do ponto de vista político e cultural, a exponenciação das vozes que se auto-representam nessa mesma arte, apesar de drasticamente com menor fortuna financeira, é na contemporaneidade que vivemos uma época de diversidade de agentes jamais experienciada antes.
in "Sororidade: Ou, como caminhar ao lado de alguém" 3 jan 2019

Desta vaga histórica que varre a semana, entre o passado e o presente: e o futuro senhores? De lições o tema que nos move hoje: OS RIDÍCULOS.

Mas… aquilo do jornalismo, lembrados? Nós também não: ao arquivo, nossa senhora da web! Dos antigamente e expos Bedeteca (*) E dOs Ridículos consta já terem tido uma exposição na Bedeteca de Lisboa em 2008 9 jul 2012. recuperamos um "Jornalismo e Jornalistas #49" jan/mar 2012, página 49 do PDF, "Política e Banda Desenhada na I República — Uma aproximação histórica ao  problema a partir do jornal humorístico Os Ridículos (1910-1926)" por Álvaro Costa de Matos, bastante investido no tema, numa "versão melhorada da comunicação apresentada nas Primeiras Conferências de Banda Desenhada em Portugal, realizadas no Instituto Francês de Portugal, em Lisboa, a 22 e 23 de Setembro de 2011".

E do qual nunca vimos sair texto que fosse. Entre outros 22 set 2011: David Kunzle e Thierry Groensteen, mais visitas que se foram e habituais que ainda resistem às andanças: Sara Figueiredo Costa, João Miguel Lameiras, João Ramalho Santos, João Mascarenhas, Pedro Moura, Diniz Conefrey e Domingos Isabelinho.

Esta peça começa por discordar de Pedro Moura em bds aos adultos, mas sobretudo de António Dias de Deus em bds às crianças na primeiríssima nota de rodapé —

O melhor deste bissemanário lisboeta, no que toca à BD de maior fôlego, eminentemente política, destinada a adultos, não está, de todo, no ano de 1911, como correntemente é afirmado (é o caso de António Dias de Deus, na sua obra Os Comics em Portugal. Uma História da Banda Desenhada, Lisboa, Cotovia/Bedeteca de Lisboa, 1997, p. 113.)
in "Política e Banda Desenhada na I República — Uma aproximação histórica ao  problema a partir do jornal humorístico Os Ridículos (1910-1926)" 2012

— que, de resto, já contradiz directamente no corpo do texto se entre-linhas é demasiado subtil à hora tardia e monitor mínimo com que nos lês. Do abandono geral da BD-aos-miúdos:

É hoje consensual entre os historiadores que a grande transformação da BD portuguesa ocorreu durante a I República, passando então dos primórdios para a modernidade. Mas, neste salto para a modernidade, a importância da BD política, de crítica e de intervenção, para adultos, tem merecido, em nosso entender, pouca atenção dos investigadores.
in "Política e Banda Desenhada na I República — Uma aproximação histórica ao  problema a partir do jornal humorístico Os Ridículos (1910-1926)" 2012

E aqui obrigados a congratular este jornal satírico que se elevou acima da dualidade infantil / adultos. Considere-se a foto de grupo da sua redação:

Os três miúdos? Escolhemos interpretar a dita em benevolência ao meio e às nossas teses — prerrogativa de quem escreve!... e porque não vemos heterónimos do Pessoa naquele enquadramento.

Da publicação terão que ler o resto — admitimos: só fizemos uma leitura superficial — mas fica apresentação:

Durante a I República foi, sem dúvida, o mais importante e duradouro jornal humorístico publicado em Portugal. Antes da revolução republicana podemos classificá-lo como uma folha humorística republicana. Mas depois da implantação da República, Os Ridículos começam a alterar o seu posicionamento ideológico, esboçando uma crescente simpatia monárquica, que, com o passar dos anos, se torna cada vez mais clara e agressiva.
in "Política e Banda Desenhada na I República — Uma aproximação histórica ao  problema a partir do jornal humorístico Os Ridículos (1910-1926)" 2012

Do contra, portanto. E do contributo à causa, a outra:

A BD publicada n’Os Ridículos inscreve-se na tradição da BD para adultos cujo exemplo maior entre nós é naturalmente Rafael Bordalo Pinheiro. Mas, aspecto muito importante, renovando essa mesma BD. Renovando como? Com novos autores, como Silva Monteiro, Santos Silva, Jorge Colaço, Alberto Sousa, Cândido Silva, entre outros. E, claro, com novas abordagens temáticas.

Entre 5 de Outubro de 1910 e 28 de Maio de 1926, as nossas balizas cronológicas, foram publicados 1.589 números d’Os Ridículos. Destes, 1.326, isto é, 83%, estamparam na sua primeira página cartoons ou desenhos humorísticos; 208 (13%), caricaturas; 55 (4%), BD’s. Destas 55 BD’s, 40 foram feitas com 6 vinhetas (com 3 tiras), isto é, 73%; 13 com 4 vinhetas (com 2 tiras), 24%; 1 com 3 vinhetas (com 3 tiras), e finalmente, 1 com duas vinhetas (1 tira), que, no seu conjunto, representam 4%. Exceptuando duas histórias de continuação, todas as restantes BD’s são histórias auto-conclusivas.
in "Política e Banda Desenhada na I República — Uma aproximação histórica ao  problema a partir do jornal humorístico Os Ridículos (1910-1926)" 2012

Não vos deixamos qualquer elação moral deste cruzar de referências — fora as insinuadas em jeito de rodapé e quaisquer sentidos que lhes queiram somar —, a nossa intenção é outra: fazer-vos um pedido. Numa das suas séries, não podemos precisar qual, Os Ridículos optam por fechar actividade a submeterem-se à censura da Iª República. Conhecemos, mas não temos, o editorial (humorístico) desse fatídico número, e temos uso para ele. Se o conseguirem, please advice.

Entretanto, os jogos continuam.

De renovações, novos e velhos, dizíamos "o futuro, senhores". É da casa que dedicamos da nossa atenção e mensagem aos teens de hoje que serão os adultos de amanhã. Citamos lyrics de banda mais emo que punk que resume feelin’ em 1999:

♪ We are the youth ♪ We'll take your fascism away ♪
♪ We are the youth ♪ Apologize for another day ♪
♪ Never knew we were living in a world with a mind that could be so small ♪
♪ Maybe we don't want to live in a world where innocence is so short ♪
♪ We'll make it up to you ♪ In the year 2000 ♪
♪ Build it up for you ♪ In the year 2000 ♪
Make it hard for youIn the year 2000

Porque os putos crescem, renovemos ameças.

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