OS POSITIVOS

money ♪ money ♪ money

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one third agrees: they're fucked
That is why 2019 should be about money, money, money (and the editorial, organizational, and technological investments necessary to retool the business of news).
in "A long, slow slog, with no one coming to the rescue" jan 2019

Como zine de tendências punx em comix underground com um repúdio saudável ao $$$ que gosta de despistar o óbvio, não podíamos querer melhor início de ano. Acabados de tratar de previsões ao ano que começa um artigo destaca-se ao nortear das nossas próximas entradas, e continuamos de serviços públicos combinando aqueles temas que só encontrarão aqui: o triângulo amoroso entre i) imprensa, ii) tecnologia e iii) banda desenhada em registo do pop-zeitgeist duma perspectiva militante em causas declaradas ao DIY — pese alguma depressão e humor à mistura. O título, retenham-no:

A long, slow slog, with no one coming to the rescue

This is a fundamental shift. The shift thus has to be about better and more distinct journalismin an incredibly competitive battle for attention, about a greater focus on what readers actually value, about organizations and technologies built around serving them efficiently, and perhaps most importantly about a commitment to the long haul — to making the changes necessary to winning paying readers one at a time, keeping them, accumulating them.

Success will not come easily or quickly. It will take years, just as it did in the past. It’s easy to forget (but important to remember) how long it took to build a mass business of paid news in print. The commercial revolution that moved newspapers beyond being organs for narrow cultural, mercantile, and political elites and into being truly mass media took more than half a century. It was really only after the combination of popular journalism, growth in advertising, and the development of linotype printing that newspapers build mass (paid) circulation between the 1880s and the 1930s.

Mass paid print circulation thus did not appear overnight, but took decades of hard work and constant editorial, commercial, and technological innovation.
in "A long, slow slog, with no one coming to the rescue" jan 2019

O nosso segway ao rant de hoje: décadas de hardwork que não compensam quando a inovação tech, editorial e comercial não estão alinhadas ao mesmo propósito. No ano que (lá fora) já se inicia uma tímida tendência de regresso aos blogs, notamos à posteridade o rasto de abandono e desleixo que é sina da divulgação BD em PT com um rápido olhar ao passado pelo Blogspot e afins, uma certeza absoluta de há uns poucos anos atrás que hoje surpreendem por ainda existirem. Depois do apogeu conseguido na blogosfera da década passada — primeiro assalto aos media tradicionais seguido das primeiras discussões acesas em torno do que significa ser jornalista —, o Google mothership do BS — irá retornar em força em 2019 às estratégias de comunicação dos media, desta vez nas boas graças de quem espera que a sua posição de quase-monopólio consiga destronar aquele (outro) império malévolo: Facebook. Quantas ironias encontraram no parágrafo anterior? Contámos três.

Why Google? Well, after 2018, nobody wants to admit that they’re relying heavily on Facebook or on distributed content in general. “Our platform approach is increasingly focused on bringing people back to us, we aren’t interested in building communities on external platforms for the benefit of that platform.”
in "Nearly a third of publishers agree: No one’s coming to help them" 9 jan 2019

Uma não-admissão reservada a mercados que dela têm consciência, outros há que ainda estão atrás na curva. Com a tendência de regresso às homepages marcada para este ano, iremos assistir ao retorno de pessoas e comunidades desaparecidas de conversa? Talvez, mas sem a inocência fofinha de outros tempos, "before the days of the self-conscious brand forming and carefully crafted identities".

No seu melhor, participaram de um estágio emancipador à criatividade e comunicação entre comunidades inteiras:

The web has been… unpredictable. We usually think it will go one way, only to see it go another. Case in point. There were plenty that believed major media organizations would find their place on the web medium. What we didn’t expect so much was this totally unpredictable outgrowth of personal and boundless creativity, a string of blogs and bloggers that became the web’s gatekeepers, trendsetters and evangelists at a time when no one quite knew what to do with it yet. These were regular people writing regular stories that could not be more unique. And every once in a while, a blog broke through. You might bookmark it, jot the URL down on a post-it note, really anything to make sure you could visit them day after day, hoping you got there after a new post was published.
in "The ‘Intellectual Layer Cake’ of the Web" 7 jan 2019

...a que se seguiu uma extinção em massa na década seguinte às mãos do FB e sócios. O contraste em blogs de BD nacionais é paradigmático: mais c’as mães outrora —

in Aventar 2002

— poucos restam hoje. Da listagem reunida em "Blogues de BD" 14 jan 2013 sobrevivem uns "one third" à data da consulta. O próprio Divulgando BD de Gerales Lino que nos serve à análise dá provas de sucumbir ao peso da história.

Voltando cinco anos mais atrás novo compêndio pelo mesmo blogger, "Internet e Banda Desenhada — PORTUGAL — Blogs e Sites de BD — de A a Z" 23 mar 2008 apresenta-nos um panorama ainda mais preenchido:

Sítios, blogues e portais portugueses onde se mostra Banda Desenhada ou dela se fala, proliferam na Internet, dando-se aqui um panorama dos que se formam à base de bandas desenhadas executadas directamente para o espaço internético, os que reproduzem imagens extraídas de obras de diferentes proveniências (fanzines, revistas, álbuns), assim como os que se completam com textos críticos ou informativos sobre BD, não ostracizando aqueles que, apenas residualmente, incluem a figuração narrativa — estes últimos numa listagem suplementar. O primeiro e principal painel inclui mais de uma centena de espaços, criados por internautas bedéfilos, e em cada um há algo que vale a pena: vinhetas ou pranchas de bedês clássicas ou de cariz alternativo, pormenores inusitados, textos sugestivos, informações inesperadas, pistas de leitura, críticas lúcidas, notas divulgatórias actualizadas, e variados outros aspectos.
in "Internet e Banda Desenhada — PORTUGAL — Blogs e Sites de BD — de A a Z " 23 mar 2008

…e mais dramática a perda. Do destino individual de cada blogs, à vossa pesquisa, senhores. Quem desaparece desta equação? Os teens, aqueles cuja paixão à BD é passageira e mais dados a modas, e que continuaram a discussão nas redes sociais até se fartarem dessas também. Foram-se os miúdos, os velhos envelhecem, outros mudam de paragens, os mais empreendedores tentam um simulacro de portal BD como evolução possível.

Deste pool primordial restam duas variantes facilmente discerníveis: 1) os senhores do ol’ school franco-belga persistem em blogs activos mas cuja aparência e tech parecem ter congelado no tempo — insiram os vossos comentários irónicos aqui; 2) uma geração mais nova profissionalizou-se em portais de ambições maiores com esforços mais cuidados mas sucesso discutível: aCalopsia colapsou, Central Comics e Bandas Desenhadas começam a resvalar no churnalism com uma dieta cada vez mais extemporânea à BD. Uma terceira espécie sobrevive — e dizemos sobrevive —, 3) na crítica especializada, cada vez mais irregulares e esotéricos nas suas intervenções, entre os que estão de saída e os que não publicam o suficiente para "compensar a pouca actividade deste blogue nos últimos tempos".

Destas duas (três…) estirpes sobreviventes, seguimos o rasto ao guito. Consideremos esses ainda de money-money-money e o retool do business a fechar esta instalação de "OS POSITIVOS estão sempre certos e todos vocês errados", a nossa rúbrica preferida: podíamos fazer isto todo o dia, grátis too!

A debandada ao FB explica o downlplay dos blogs mas não explica porque não se impôs ainda um portal profissional (*) Se necessário: disclaimer. Derivados da palavra "profissional" não são equiparados a sentidos de "qualidade superior" neste espaço — podemos mesmo fazer o caso pelo seu inverso, e, de facto, diversas vezes o fazemos. Mas são-no no contexto a que se sujeitam à comparação. de divulgação BD neste país — especialmente face à penúria que grassa o meio.

Com toda a boa vontade que possamos estender aos existentes, estes são geridos por moldes que devem a sua génese a modelos comerciais sem que possuam uma estrutura  verdadeiramente condicionada ao $$$: cremos que os Central Comics / Bandas Desenhadas não possuem compromissos comerciais contratuais a terceiros, não possuem folhas de vencimentos, não pagam por peças publicadas, não têm clientes, IVA é feminino de Ivo. À excepção dos custos habituais de manter uma presença online, os seus gastos e ganhos estão mais próximos de uma economia informal que deve mais à boa-vontade dos seus promotores do que às engrenagens de porcos capitalistas mercado. A adoção na aparência de moldes comercias / profissionais sem esse compromisso ao $$$ é-nos um paralogismo: voluntariamente conformar práticas e conteúdos na aparência sem uma real condicionante, fora um wishful thinking distorcido.

A continuar...

follow tha money