OS POSITIVOS

TPC: revisão!

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Uma fábula, excerto:

Condenados à exploração dos mesmos trilhos já percorridos pelos que os procederam, tal como eles fazem-no em aventurosa descoberta, e descobrem, tal como esses, que não são os primeiros a fazê-lo. Esses, demasiado cansados para voltar atrás e acudir aos próximos, ainda deixam croquis feitos na paragem mais adiante onde a viagem a todos obriga à pernoita. Por aí persistem alguns mais piedosos sem outro poiso que os acuda, vivem do saudosismo e camaradagem da viagem feita e há falta de melhor ocupação glorificam essa coleção de rabiscos que adornam o lugar como se de artefactos de importância vital se tratassem: são, de facto, a cartografia acabada do caminho percorrido, mas a importância dos mesmos já nada deve à navegação e poucos se importam assim com o preciosismo da sua arte. Poucos também por aqui se demoram então: desbandam nas mais variadas direções, e rareiam os que se aventuram mais além no seu propósito original. Outros virão, quase todos se irão, uns raros insistirão, e uns tantos aqui deixarão cair os ossos de cansados fazendo deste albergue a sua única casa.

Não queremos desanimar os demais mas o percurso deve ser feito em sentido inverso: o primeiro ímpeto resulta de dentro, é intuitivo, desarticulado, primal mas sobretudo original: uma ânsia que exige existir. Se num momento posterior se procuram referências e estabelecem-se relações tal deve acontecer apenas onde a persistência instiga à curiosidade entre os mais metódicos, com o óbvio perigo inerente: é um acto constrangedor por definição. O primeiro move-se por si, o segundo submete-se a modelos, e temos que a aderência aos formalismos vigentes necessariamente diluem a mensagem numa quase-escusa para o artsy-fartsy.

Importa o que dizes ou como o fazes? Por nós, já o dissemos:

& we-angry! grrrrrr!

E tal apenas acontece SE e QUANDO coexistem, o que manifestamente não é o caso. São os antigos uma referência? Desconhecemos: rareiam os novos, e estes não atribuem afiliações conhecidas aos de antigamente, e as novidades são já eles próprios os próximos em fila a serem esquecidos. “Esquecimento” implica um conhecimento prévio de que não gozam: “ignorados”, porque tal é o fosso que os separa da próxima geração, assim como estes estiveram separados dos seus avozinhos e tetravôs pelo mesmo véu de ignorância: não há overlap, não lhes reconhecemos uma referência por muito ténue que possamos pretender encontrar. Pior, a sua qualidade — que não questionamos e justamente por essa razão — são aviso suficiente para desencorajar os que ainda desconhecem a inutilidade do empreendimento a que se propõem.

Excepto, ie, entre os que se movem por si sem concessões aos preceitos vigentes.

Citamos a despropósito excerto alheio que mereceu o seu próprio parágrafo à parte no original 28 ago 2016:

Não pretende reinventar a história, nem reescrevê-la, mas pretende sim que se a repense, num contexto em que há sempre tão pouco pensar.
in "Revisão, bandas desenhadas dos anos 70. AAVV (Chili Com Carne)" 28 ago 2016

Aos suspeitos do costume que começam a suspeitar do costume: sim, os cómicos foram aqui a verdadeira fábula para assuntos outros — não é sempre assim? — além de reinventar, rescrever e repensar a história, avançar com essa porra foda-se. Mas shhh, não digam nada aos leigos: eles ainda pensam que estamos (só) a falar de BD.


Este post acabava atrás, mas a parece vir a propósito da epidemia de jornalistas gráficos. Teen, para que um dia este não seja o funeral eulogy com que vão recordar a tua cena:

Marcos F. in "Revisão" 2016: “Que engodo!" (... ) “fiquei algo desapontado com os seus discursos relativos à BD" (...) "nenhum deles pensava muito sobre a BD, raramente discutiam esse assunto" (...) "Não era uma gangue nem uma célula revolucionária. É o que dá ter fantasias do PREC, meu!!!"

antevisão