OS POSITIVOS

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Terrinha (outra), paraíso imperfeito. Saídos do cavaquistão, descemos muito além do Tejo por paisagens perdidas no tempo e desencontradas do país. Aqui e ali as ruínas de gerações partidas, abandonadas por planícies impossíveis que ardem em câmara lenta. Outras velocidades, entrámos na Municipal adentro com apenas um telefonema uma hora antes a confirmar horários, imediatamente recebidos por responsáveis técnicos, uma celeridade desconhecida aos trâmites da grande metrópole. Percorremos os gabinetes necessários e voluntariaram apoios, em quarto de hora seguimos da intervenção ambiental ao planeamento e urbanismo, a meia-hora do fecho de expediente de uma sexta-feira à tarde prontificaram-se para na segunda-feira seguinte darem-nos todas as respostas em falta. Na grande babilónia, seriam meses-a-anos, e ainda hoje estaríamos com senha na mão para entrar no gabinete de quem nos receberia como entrámos: um número, com minutos contados na parede, carimbo pousado no vermelho para maior brevidade. Conhecíamos estas diferenças de outras andanças – quem, noutros tempos, nunca foi fazer o passaporte fora de LX que fique em terra por estes dias... –, um pequeno quirk do serviço público por povoações sedentes de sangue novo.

Lentamente, a nossa geração okupou quadros e agora em posição pelas engrenagens, quase nos fazem acreditar num mundo melhor. Formados em universidades, despachados de beatices, à vontade nas novas tecnologias, falamos uma mesma língua, temos propósitos compatíveis, mesmos medos, as mesmas vontades, as mesmas alegrias, tira ou põe o kink pessoal de cada um que todos nos faz especiais. Afinal, algumas coisas mudam.

Mas se somos a Máquina somos também a geração a abater por quem se segue, a rebeldia dos meus wee-ones é recordação constante do tique-taque (*) tiktok?: afinal, algumas coisas repetem-se eternamente. Ou, de quatro em quatro. Poucos passos saídos dos Paços, uma praça cercada de cartazes: outras caras, as mesmas fotos, outros nomes, mesmos textos. Algumas coisas mudam-se para tudo continuar (des)igual. À nova levada de caciques locais on the makin', cujas lealdades turvarão interesses ditarão dependências, esperamos que os esperem os nossos pequenos tornados grandes, herdando de seu pai os mesmos desalinhos ao poder que nos passaram, quiçá com ganas tal-qualmente incendiárias.

O que muda, o que fica, o que vai, o que foi, o que será: pensamentos que nos embalam enquanto o mundo vai escorrendo pela janela em sentido contrário aos solavancos que vencemos. Não será um mundo melhor, e do que muda-tão-lentamente-que-parece-sempre-igual-mas-demasiado-tarde-se-descobre-que-nada-será-como-era-antes, pequena satisfação em estratégias de terra queimada: o abandono de alguma pecuária a seu tempo (*) clima?, e não teremos mais que fazer o good-gods-work pela mãe natureza. Ironia poética — nós que recusámos tirar carta no pico da juventude, antes de rendidos à dita vai para duas décadas quando percebemos que não há voltar atrás (entretanto: o consenso científico actual 2021 chega à mesma conclusão, eat dick...) — descobrir que automóveis congestionados no trânsito a debitar poluentes à atmosfera concorrem a tirar vacas do matadouro? Shit, de bull, fizemos a viagem de regresso com pé no acelerador — e um desvio pelo caminho, algumas coisas não são para mudar.

Voltaremos, quantas vezes conseguirmos, é uma promessa.

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